Monday, January 23, 2012

Política fácil 14


 Pesquisa política

Em ano de eleição, as pesquisas de intenção de voto orientam estratégias partidárias, determinam os rumos das campanhas políticas e despertam grande interesse no eleitor. A VEJA consultou dois dos principais institutos de pesquisa brasileiros, Datafolha e Ibope, para entender como são feitos os levantamentos e quais dados podem realmente refletir a realidade do eleitorado. Saiba como funcionam as sondagens:

1. Como é feita uma pesquisa de intenção de voto?
Uma vez contratada a pesquisa, define-se seu foco, prazos, conteúdo, abrangência, identificação da amostra (tamanho, técnica de amostragem, seleção da amostra). Depois são estabelecidos os instrumentos de pesquisa (questionário, cartões, planilhas), o treinamento dos pesquisadores, a coleta dos dados, checagem, processamento e análise dos dados. A última etapa é a divulgação dos resultados e acompanhamento de seus desdobramentos.

2. Como é definida a amostra de uma pesquisa?
Várias técnicas amostrais podem ser utilizadas em pesquisas eleitorais. Nos levantamentos nacionais ou estaduais, em geral os grandes institutos trabalham da seguinte forma: num primeiro estágio, são sorteados ou escolhidos os municípios que farão parte do levantamento; depois, os bairros e pontos onde serão aplicadas as entrevistas. Por fim, os entrevistados são selecionados aleatoriamente de acordo com o sexo, faixa etária e grau de instrução. Os dados utilizados para composição da amostra são obtidos junto ao IBGE, Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

3. Por que eu nunca respondi a uma pesquisa?
As pesquisas têm amostras médias de 2.500 entrevistas e no país há mais de 135 milhões de eleitores, segundo o TSE. Assim, em um levantamento nacional, apenas um eleitor em cada grupo de aproximadamente 50.000 é entrevistado.

4. Nas eleições municipais, as pesquisas são realizadas em todas as cidades do país? Como elas são escolhidas?
Não. Segundo o Ibope, as pesquisas são realizadas apenas nos municípios determinados pelas TVs, jornais, internet, revistas, empresa ou partido que contrata a pesquisa. Assim, nem todas as 5.565 cidades do Brasil têm essas informações.

5. Existe uma quantidade mínima de pessoas que têm que ser entrevistadas em cada cidade?
Usualmente a pesquisa mínima é feita com 300 pessoas. Entretanto, o tamanho depende do grau de segmentação e de precisão desejados nos resultados. Para as pesquisas municipais, o Ibope faz a seleção em dois estágios: no primeiro, escolhem-se os bairros; depois os entrevistados. Na segunda fase a seleção é feita por cotas proporcionais, de sexo, idade, grau de instrução e setor de dependência econômica. As proporções são feitas com base em dados do IBGE.

6. Qual é o número mínimo de entrevistados para uma pesquisa de eleição presidencial?
Segundo o Datafolha, as amostras nacionais têm entre 2.000 e 2.500 entrevistas, mas não há tamanho mínimo ou ideal para uma amostra eleitoral. O mais importante é a sua representatividade, ou seja, como são selecionados os entrevistados. O Ibope costuma-utilizar amostras entre 2.000 e 3.000 entrevistados.

7. Existe alguma diferença entre as pesquisas para eleições municipais e as para eleições presidenciais?
Na elaboração dos levantamentos as diferenças são poucas, mas, de maneira geral, os resultados das pesquisas municipais e federais podem ter características distintas. Segundo o Ibope, percebe-se que as mulheres são mais críticas nas questões relacionadas ao município, pois os assuntos debatidos durante a campanha estão mais presentes em seu dia a dia, como questões relativas à educação e saúde dos filhos.

8. Como funciona o cálculo da margem de erro das pesquisas eleitorais?
Todas as pesquisas têm margem de erro amostral. A margem de erro normalmente divulgada refere-se a uma estimativa de erro máxima para uma pesquisa simples. Assim, considerando o erro amostral, fica estabelecido um intervalo de confiança, ou seja, os limites para mais e para menos em relação ao valor obtido.

9. Qual é a diferença entre a pesquisa espontânea e a pesquisa estimulada?
A principal diferença entre as abordagens é explicada no próprio nome. Na pesquisa espontânea, uma pergunta é feita aos entrevistados e não é dada nenhuma alternativa para resposta. Esta pesquisa serve para medir a lembrança da pessoa que participa do levantamento e a importância que elas dão aos questionamentos. Usando o exemplo acima: seria perguntado em quem à pessoa votaria, mas não seriam dadas alternativas. Assim, poderíamos ver se o público está interessado nas eleições.
No caso das pesquisas estimuladas, uma lista é passada para os entrevistados escolherem algumas das alternativas. São feitas através de um cartão com as alternativas ou com a leitura dos mesmos. Servem para se verificar quais são as opções mais relevantes entre as alternativas dadas. No caso da pesquisa eleitoral, são passados os nomes de eventuais candidatos para saber quais são os que mais estão bem na pesquisa segundo o eleitorado.


10. Que fatores garantem a credibilidade de uma pesquisa?
Pesquisas dependem das técnicas utilizadas e da eficácia com que são aplicadas, questionários e amostras bem elaborados, entrevistadores treinados e análises isentas dos resultados e identificação do contratante. Também asseguram a qualidade da pesquisa o modo de apresentação e divulgação dos resultados. E no caso de eleições, há regras importantes, como o registro no TRE ou no TSE.

11. Que fatores podem comprometer a credibilidade de uma pesquisa?
Amostras e questionários não muito claros, divulgação parcial dos resultados, divulgação dos resultados muito tempo depois do levantamento, divulgações malfeitas dos resultados pelos veículos de comunicação e a falta de registro no TSE ou TRE.

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